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  • quinta-feira, 21 de novembro de 2024
GEOGRAFIA

As Teorias Demográficas

Inúmeras teorias foram elaboradas para tentar explicar o crescimento populacional. Dentre elas, é comum se destacarem três.

O

s índices de crescimento populacional são, há muito tempo, alvo  de estudos e preocupações por parte de demógrafos, geógrafos,  sociólogos e economistas. Há, assim, diversos estudos e apontamentos  sobre o crescimento, a diminuição e a estabilização dos quantitativos  populacionais em todo o mundo. Para explicar, de uma forma  sistemática, essas dinâmicas, existem as teorias demográficas. 

A primeira entre as teorias demográficas, ou a mais conhecida  dentre elas, foi elaborada por Thomas Robert Malthus, um pastor  protestante e economista inglês que, em 1798, publicou uma obra  chamada Ensaio sobre o princípio da população. O seu trabalho refletia,  de certa forma, as preocupações de sua época, e é preciso melhor  entender o contexto histórico sobre o qual as premissas MALTHUSIANAS foram elaboradas. 

A Inglaterra do século XVIII havia iniciado o processo de Revolução Industrial, o que contribuiu para um rápido crescimento das populações das cidades industrializadas, notadamente Londres. O número de habitantes dobrava em algumas dezenas de anos, o que, somado aos baixos salários e às precárias condições de trabalho e moradia, contribuía para o aumento da miséria e da pobreza nos centros  urbanos europeus. 

Diante disso, Malthus, em sua teoria demográfica, considerou que  os problemas sociais estavam relacionados com o excesso de população  no espaço das cidades. Além disso, Malthus previu que a população  tendia a crescer ainda mais rapidamente do que outrora, o que o fez  concluir que o crescimento demográfico seria superior ao ritmo de  produção de alimentos.

Thomas foi o primeiro a desenvolver uma teoria populacional  relacionando crescimento populacional com a fome. A teoria  malthusiana preconizava que o número de pessoas aumentava  conforme uma progressão geométrica (2,4,8,16, 32, 64, …), enquanto a  produção de alimentos e bens de consumo crescia conforme uma  progressão aritmética, portanto, mais lenta (2, 4, 6, 8, 10, 12, …). Assim,  para evitar a ocorrência de grandes tragédias sociais, Malthus defendia o “controle moral” da população. Dessa forma, os casais  só deveriam possuir filhos caso tivessem condições para  sustentá-los. Nesse sentido, para o malthusianismo, os  casais mais pobres não deveriam casar-se e procriar,  pois gerariam apenas miséria para o mundo. Sua tarefa  é, portanto, nitidamente antinatalista e conservadora

Será que teremos recursos disponíveis para alimentar e atender às necessidades básicas de tantos habitantes?

As refutações à teoria malthusiana no contexto das teorias  demográficas não tardaram em aparecer. A principal delas atribui-se às  derivações do pensamento de Karl Marx e recebeu o nome de TEORIA  REFORMISTA OU MARXISTA. Para essa concepção, não era o excesso  populacional o responsável pelas condições de miséria e pobreza no  espaço geográfico, mas sim as desigualdades sociais, como a  concentração de renda no contexto da produção capitalista. 

Por isso defendem a necessidade de reformas socioeconômicas que  permitem a elevação do padrão de vida, melhorando, entre outras  coisas, a distribuição de renda e de alimentos e propiciando um aumento  da escolaridade, que resultariam num planejamento familiar e na  diminuição da natalidade e do crescimento vegetativo. 

Teoria Populacional NEOMALTHUSIANA é a atualização da Teoria  Populacional Malthusiana. Para os neomalthusianos, a superpopulação  dos países era a causa da pobreza desses países. Com a nova aceleração  populacional, voltaram a surgir estudos baseados nas ideias de Malthus,  dando origem a um conjunto de formulações e propostas denominadas  Neomalthusianas.

A popularização dessa teoria demográfica aconteceu porque, no  pós-guerra, houve um rápido crescimento da população, o que foi  chamado de explosão demográfica ou baby boom, um período em que o  número de nascimentos foi muito superior ao número de mortes. 

Nesse sentido, dotados das mesmas preocupações de Malthus, os  neomalthusianos afirmaram que era necessário estabelecer um controle  do crescimento populacional. No entanto, diferentemente do  malthusianismo, o neomalthusianismo defendia o uso de métodos  contraceptivos, o que não era preconizado anteriormente em função da  formação religiosa de Malthus. Com isso, o neomalthusianismo foi  amplamente adotado como política de governo por parte de inúmeros  países, incluindo o Brasil, que passaram a estabelecer políticas de  controle sobre o aumento de seus habitantes. 

Para os neomalthusianos, uma população numerosa seria um  obstáculo ao desenvolvimento e levaria ao esgotamento dos recursos  naturais, ao desemprego e à pobreza.

Parece evidente, portanto, que não se pode responsabilizar apenas  o crescimento populacional pelo estado de miséria e de fome em que se  encontram muitos países. As causas da fome são, na realidade, políticas  e econômicas.


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