20 c | Campina Grande, PB | Tempo nublado
  • quinta-feira, 21 de novembro de 2024
MUNDO

Os Principais Conflitos e Acordos Entre Judeus e Árabes

Os israelenses detêm controle sobre recursos naturais e até sobre a água e não parecem estar dispostos a ceder essa posse aos árabes.

O

conflito entre judeus e palestinos se intensificou a partir da criação de Israel que não ocorreu da forma prevista pela ONU, uma vez que o governo israelense acabou expandindo o seu território através de conquistas militares, ocupando toda a Palestina. Com isso, os conflitos militares, já comuns entre judeus e árabes, passaram a ser mais frequentes e violentos, e os palestinos, expulsos de suas terras, acabaram ficando sem território.

O conflito permitiu a Israel aumentar seu território para 75% das antigas terras palestinas: o restante foi anexado pela Transjordânia (a parte chamada Cisjordânia) e pelo Egito (a faixa de Gaza). Em consequência disso, muitos palestinos refugiaram-se em Estados árabes vizinhos, enquanto boa parte permaneceu sob a autoridade israelense. Outras guerras se sucederam por causa de fronteiras, com vantagens para Israel e sempre sem uma solução para o problema dos refugiados.  

O grande problema que fez intensificar os conflitos entre judeus e palestinos é que a criação de Israel "não ocorreu de forma prevista pela ONU", uma vez que o governo israelense acabou expandindo o seu território através de conquistas militares, ocupando toda a Palestina, que acabaram ficando sem território. Com isso, os conflitos militares, já comuns entre judeus e árabes, passaram a ser mais frequentes e violentos, e os palestinos, expulsos de suas terras, acabaram ficando sem território.

Os países árabes vizinhos, especialmente Egito, Síria e Jordânia, não aceitaram a criação de Israel e, em 1948/1949, atacaram o Estado judeu com o objetivo de destrui-lo. Israel venceu essa guerra e ampliou seu território, apropriando-se de um trecho do que seria o Estado da Palestina.

A Guerra de Suez  

A Guerra do Suez, também conhecida como Segunda Guerra Israel-Árabe ou Crise de Suez, teve início em outubro de 1956, quando Israel, com o apoio de França e Inglaterra, que utilizavam o canal parater acesso ao comércio oriental, declarou guerra ao Egito, que numa atitude de combate ao colonialismo anglo-francês nacionalizou o canal de Suez e fechou o porto de Eilat, o que ameaçava os projetos judeus de irrigação do deserto de Neguev e cortava o seu único contato com o mar Vermelho no golfo de Ácaba. Em contrapartida, Israel conquistou a península do Sinai e controlou o Golfo de Ácaba, reabrindo o porto de Eilat.

No desenrolar do conflito, os egípcios foram derrotados, mas os Estados Unidos e a União Soviética interferiram, e em 1959 obrigaram os três países – Israel, França e Inglaterra – a retirarem-se dos territórios ocupados sob a supervisão das tropas da ONU.  

A Guerra dos Seis Dias  

Em 1967, ocorreu outro conflito, em que Israel, apoiado pelos Estados Unidos, ataca a Síria, o Egito e a Jordânia, que tinham feito uma aliança militar apoiada pela ex-União Soviética. Foi a Guerra dos Seis Dias, isso porque durou menos de uma semana, vencida por Israel, que enviou suas tropas para fulminar as posições militares daqueles três países.

O resultado foi a anexação ao território de Israel da Península do Sinai, até então sob o domínio do Egito, além da região das Colinas do Golã, sob o domínio da Síria, e a Cisjordânia, até então sob o domínio da Jordânia. Além disso, Jerusalém passou a ser totalmente controlada por Israel, que transformou em sua capital.

A Guerra dos Seis Dias foi uma grande derrota para os Estados Árabes. Eles perderam mais de metade do seu equipamento militar, e a Força Aérea da Jordânia foi completamente destruída. Os Árabes sofreram 18.000 baixas. Em contraste os israelenses perderam 766 soldados.

A Guerra do Yom Kippur                                             

Os desdobramentos da Guerra dos Seis Dias agravaram a tensão entre Israel e os Estados árabes. Por terem sido derrotados, esses últimos perderam vastos territórios; assim, uma nova guerra eclodiria em 1973. Nesse conflito, árabes e judeus protagonizaram mais um conflito armado em grandes proporções. Foi a Guerra de Yom Kippur ou Guerra do Perdão. Aproveitando as comemorações de feriado religioso judaico, os egípcios e os sírios atacaram Israel de forma surpresa, com o objetivo de reconquistar seus territórios ocupados pelos israelenses durante a Guerra dos Seis Dias. O resultado, porém, continuou favorecendo Israel, que, além de manter os territórios ocupados em 1967, atacou violentamente os Estados árabes: as tropas do Egito foram cercadas no Sinai, e o massacre dos árabes só foi evitado pela interferência direta dos Estados Unidos e da antiga União Soviética, que bloquearam a ação militar na região.

Após duas semanas, o Estado de Israel consegue estabelecer o equilibro e retira o exército do Egito e Síria sobre os territórios anexados. Além desse ataque surpresa sobre os territórios, há também o econômico, que ocasiona a Crise do Petróleo de 1973.

Uma das consequências desta guerra foi a Crise do petróleo, já que os estados árabes (membros da OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiram parar a exportação deste produto para os Estados Unidos da América e para os países europeus que apoiavam a sobrevivência de Israel. Deve-se ressaltar que a solução brasileira neste período foi o Proálcool.

O Proálcool foi o programa realizado pelo governo brasileiro que visava à substituição do combustível derivado do petróleo, sobretudo a gasolina, motivado pela crise do petróleo em 1973. Após esse programa, o país acelerou na produção de cana-de-açúcar, e atualmente, já é o principal exportador de Etanol para o mundo.

Criação da OLP

Os palestinos têm lutado pela criação de um Estado para obrigá-los, caracterizando a chamada questão palestina. Essa configuração favoreceu a criação, por parte dos palestinos, de vários grupos extremistas que passaram a lutar não só pela criação de um Estado Palestino, mas também pela total destruição de Israel e expulsão dos judeus da região.

Nesse intuito, foi fundada a Organização para a Libertação Palestina (OLP) em 1964, liderada pelo grupo Al Fatah, que realizava atos extremistas desde 1959 e era comandado por Yasser Arafat. Mais tarde, em 1987, foi fundado outro grupo extremista, o Hamas.

Também no ano de 1987, a OLP, sob liderança do Fatah de Yasser Arafat, passou a não mais utilizar métodos de violência para alcançar seus objetivos e também atuou no sentido de reconhecer a existência do Estado de Israel, reivindicando, no entanto, a criação do Estado da Palestina e uma convivência harmônica entre os dois povos, diferentemente do Hamas, que não aceita a existência dos israelenses. Por causa dessa configuração, a OLP passou a ser reconhecida pelo Ocidente e pela ONU como a única representante da frente árabe na Palestina.

Os acordos de Camp David

Foi acordado que dentro do período de três anos após a assinatura de um tratado de paz, Israel deveria se retirar completamente do Sinai. Em troca, o Egito reconheceria formalmente o Estado de Israel, estabeleceria relações diplomáticas e asseguraria o direito à navegação israelense no Canal de Suez. O tratado foi finalmente assinado, em 26 de março de 1979.

O acordo de paz isolou o Egito no mundo árabe e o líder egípcio passou a ser considerado um traidor. O país foi expulso da Liga Árabe, onde seria readmitido apenas no fim da década de 1980. Sadat não viveu para ver a implantação final do acordo. Foi assassinado por terroristas islâmicos, no Cairo, em 1981. Um ano depois, Israel deixaria o Sinai.  

Acordo de Oslo  

Em 1993, os Estados Unidos fizeram a intermediação diplomática entre Arafat e o então primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, nos chamados Acordos de Oslo, na Noruega, local onde as negociações ocorreram. A assinatura oficial dos termos foi realizada em Washington, capital dos EUA. Esses acordos fizeram com que os palestinos tivessem posse novamente de um território – mesmo que sem um Estado constituído –, ao mesmo tempo em que a OLP foi reconfigurada pela criação da Autoridade Palestina (AP). Essa instituição ficou sob o comando de Arafat e ergueu a sua sede na Cisjordânia, que foi devolvida pelos israelenses juntamente à Faixa de Gaza.

Entretanto, o histórico acordo de Oslo não foi suficiente para trazer a paz à região. Um de seus signatários, o primeiro-ministro Yitzhak Rabin, foi assassinado em 1995 por um extremista judeu que não admitia a paz com os palestinos. O atentado ocorreu logo após uma manifestação pela paz, em Telaviv, na qual, dirigindo-se a 100 mil pessoas, Rabin condenou a violência, afirmando que ela é o principal fator de ameaça às bases da democracia em Israel, e apelou aos palestinos e judeus radicais que aceitassem a parceria entre Israel e a OLP para a confirmação da paz. Foi seu último discurso.

A Intifada  

Intifada é um termo que pode ser traduzido como "levante", é utilizado para designar um movimento da população civil surgido contra a presença israelense nos territórios conclamados pelos palestinos. O termo surgiu após o levante espontâneo que rebentou a partir de 1987, com a população civil palestina atirando paus e pedras contra os militares israelenses e praticando atentados contra a população civil. Este levante seria conhecido mais tarde como "Primeira Intifada".

A "Segunda Intifada", também conhecida como a intifada de Al-Aqsa teve início em setembro de 2000, após Ariel Sharon ter caminhado nas cercanias da mesquita de Al-Aqsa, considerada sagrada pelos muçulmanos e parte do Monte do Templo, área sagrada também para os judeus.

O "muro de proteção"

Em julho de 2002, os israelenses começaram a construir, entre Israel e Cisjordânia, um "muro de proteção" destinado a impedir ataques palestinos.

A construção do "muro de proteção" foi requisitada pela direita e pela esquerda israelenses, após a onda de atentados suicidas que atingiu Israel desde o início da segunda Intifada (revolta palestina contra a ocupação israelense), no fim de 2000.

A ideia de construir um muro surgiu após o fracasso da Conferência de Camp David sobre o conflito israelense-palestino, em julho de 2000. A construção suscitou, desde o início, tensões políticas internas e muitas críticas palestinas e da comunidade internacional.

Para a esquerda israelense, a barreira deve respeitar o mais fielmente possível o traçado da "linha verde" entre Israel e Cisjordânia - limite imposto por Israel após a Guerra dos Seis Dias. Já a direita, encabeçada pelo primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, quer que a divisão agrupe o maior número possível de colônias judaicas nos territórios palestinos.

Com extensão de 350 Km, o "muro de proteção" cobri de norte a sul a "linha verde" e englobar também o setor oriental de Jerusalém, anexado por Israel desde 1967, e onde os palestinos pretendem construir um dia a capital de seu Estado.

Análise final  

Em 2006, para tornar o cenário ainda mais tenso politicamente, o Hamas venceu as eleições no território palestino, derrotando pela primeira vez o Fatah, o que gerou uma recusa por parte de Israel e das potências internacionais de reconhecerem a Palestina, isolando a Autoridade Palestina politicamente. Além disso, o governo de Israel – atualmente na figura do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu – vem incentivando a instalação de colônias de judeus em áreas sob a posse de palestinos, incluindo a Faixa de Gaza, uma das áreas em que há mais atentados terroristas e conflitos armados no mundo.

Em 2012, após uma série de debates e resoluções no contexto da ONU, o Estado Palestino passou a ser reconhecido como um membro observador das Nações Unidas, o que representa um reconhecimento implícito por parte da comunidade internacional da existência da Palestina sob comando árabe. Os EUA e Israel agiram como ferrenhos opositores à proposta, porém foram derrotados pela Assembleia Geral da entidade.

Atualmente, muitas questões dificultam a concretização da criação do Estado da Palestina, incluindo aí a questão dos colonos judeus incentivados por Israel. Além disso, os israelenses detêm controle sobre recursos naturais e até sobre a água e não parecem estar dispostos a ceder essa posse aos árabes. E isso sem falar na cidade de Jerusalém, considerada sagrada para os muçulmanos e reivindicada pelos palestinos e que também não será cedida, sob nenhuma hipótese, pelo Estado de Israel.

Consequentemente, os atentados terroristas e os confrontos continuam ocorrendo, incluindo a forma como Israel contra-ataca as ações do Hamas, muitas vezes com um uso desproporcional de força e poderio miliar. 

Os palestinos esperam proclamar num futuro próximo um Estado próprio ocupando esses territórios e com capital em Jerusalém Oriental, habitada majoritariamente por árabes palestinos. Mas as negociações têm sido difíceis e os dois lados não chegaram a um acordo. Além disso, devido à fragmentação territorial, o futuro Estado Palestino corre o risco de vir a ser difícil de ser administrado e extremamente dependente de Israel.


Veja também

Os Blocos Econômicos